Nossa História


O Haras Di Cellius surgiu nos idos dos anos da década de 1980, a partir de um projeto idealizado pelo seu fundador, Giselto Krützmann. Apaixonado por cavalos, Giselto decidiu somar seu conhecimento com sua paixão pelo cavalo Puro Sangue Inglês (P.S.I.) e investir na criação de cavalos de corrida. Com uma infraestrutura de qualidade e profissionais competentes no treinamento e cuidado com os animais, o trabalho desenvolvido no haras tornou-se referência pela seriedade, paixão e bons resultados.

A primeira sede do haras foi em Venâncio Aires/RS, onde Giselto iniciou sua caminhada como criador de cavalos, dando continuidade ao seu entusiasmo como proprietário de um verdadeiro fenômeno chamado Cat`s Night. Em 1993, colocou em prática o seu projeto por meio do arrendamento do Posto de Fomento do Jockey Club do Rio Grande do Sul, uma área de 249 hectares nas proximidades do bairro Restinga, em Porto Alegre. Naquele momento, Giselto já havia acumulado vivências e uma equipe em condições de prestar serviços mais relevantes para a criação riograndense.

Nesse mesmo ano , é fundada a Agrovin - Empreendimentos Turfísticos Ltda, responsável pela administração do Posto de Fomento do Rio Grande do Sul e pela introdução de significativas melhorias e benfeitorias, proporcionando aos criadores e aos proprietários do P.S.I. uma assistência diferenciada. Implantou-se um sistema integrado que atendia a diferentes atividades, desde a monta, a manutenção da égua prenhe, o parto e a criação, até a iniciação dos produtos lá nascidos, caso os criadores decidissem mantê-los sob cuidados adequados, com o objetivo de prepará-los para os leilões ou para as corridas.

Mesmo com a construção de mais de 120 boxes, a área dos piquetes foi ampliada para possibilitar a criação das éguas prenhes a céu aberto durante o ano inteiro. O monitoramento da parte reprodutiva e criatória foi aprimorado com o emprego de equipamentos modernos e insumos laboratoriais, como ultrassonografia, kits para exames de sangue, bancos de plasma e colostro e todo o resto dos acessórios para o conveniente acompanhamento das mães e seus produtos, fosse no ventre ou ao pé da égua.

Lá, contou ainda com a participação de vários reprodutores, tais como os importados Roba Fina (IRE), Royal Harmony (USA), Coax me Clyde (USA), Notation (USA), Valiant Toss (ARG), Emmo F. (USA) e Hangar (ARG), assim como os nacionais Emperor Julian, Or Et Bleu, Mate Bueno, Reinhold, Murano e Fantasy Flying. Todos eles tiveram sua importância, mas Roba Fina, Coax me Clyde, Hangar, Emperor Julian e Or Et Bleu foram aqueles com maior número de filhos clássicos.

O Posto de Fomento sempre primou pela tradição de criar os produtos dos médios e pequenos criadores que se valiam de seus serviços. Quando a Agrovin encarregou-se da sua administração, prosseguiu praticando essa política, mormente com aqueles produtos que nasciam em suas dependências. De modo a oferecer maiores vantagens aos criadores, foram instaladas cocheiras específicas, assim como redondéis para os trabalhos de iniciação dos produtos. A intensa procura dos criadores, levou a um aumento no número de potros nas dependências do Posto de Fomento, ultrapassando a 40 no início da temporada 97/98.

Embora os trabalhos de recria desses produtos viessem sendo feitos a bom termo, sempre foi ideia da Agrovin procurar oferecer melhores condições para tal, principalmente com relação a um espaço mais amplo de piquetes. Assim, em setembro de 97 surgiu a solução com o arrendamento das instalações da Coudelaria Pelotense, situadas em Bagé, onde as condições em área e qualidade do solo (e consequentemente das pastagens) são as mais favoráveis possíveis.

Campos de excelente qualidade, atapetando 147 hectares de área útil, ficaram, inicialmente, à disposição somente dos produtos nascidos em 96, que lá permaneceram até a final do verão, quando passaram a ser recolhidos pelos seus criadores para serem preparados para os leilões ou para as corridas. Desta maneira, teve início o desenvolvimento de uma nova fase da criação do PSI no Rio Grande do Sul, no que tange ao suporte técnico e operacional disponível aos criadores, com relevante benefício aos pequenos e médios.

Evidentemente que os resultados alcançados exigiam um novo esforço do haras. Os investimentos foram ampliados através da aquisição de uma área própria, onde instalou-se toda uma completa estrutura específica para as atividades relativas ao pensionato de reprodutoras, bem como para a recria de potros, agora com formas mais avançadas de manejo. Na nova área, foram tomados todos os cuidados para a implantação de um centro criacional com qualidade compatível com os melhores estabelecimentos de Bagé.

Após, o Haras Di Cellius instalou-se definitivamente na área que pertencia ao Haras Simpatia, também em Bagé, onde realiza suas atividades atualmente. Delimitada em 16 piquetes, devidamente distribuídos para facilitar o manejo, a pastagem nativa foi aprimorada e enriquecida com azevém, trevo e cornichão. A cocheira principal foi construída visando prover as condições ideais de alojamento para os animais, seja pela correta ventilação e luminosidade que permitem uma conveniente climatização, numa região reconhecida pelas temperaturas extremas verificadas em invernos muito frios e verões de calor inclemente.

Encontram-se nas instalações cobertas, 120 boxes distribuídos em conjuntos diferentes que permitem atender desde éguas com potro ao pé, até produtos sobreano, em fase de preparação para os leilões ou para o ingresso nos hipódromos. Estão instaladas maternidades amplas e aparelhadas convenientemente para o atendimento dos partos.

Além disso, conta com laboratórios para a prestação de vários exames e análises necessários para o acompanhamento dos animais alojados e sob responsabilidade do Haras Di Cellius. Para a preparação física dos produtos, providenciou-se a construção de pistas de areia, cercadas, para acostumar os produtos nas condições que encontrarão futuramente nos hipódromos onde desenvolverão campanha. Nestas pistas, são praticados, rotineiramente, exercícios de trote e galope, para aprimoramento da musculatura dos animais, bem como para o fortalecimento do esqueleto e da rede tendinosa dos futuros atletas. Os exercícios objetivam ainda acalmar os animais, provendo-lhes equilíbrio no gênio e comportamento.

No Haras Di Cellius continuidade é a palavra de ordem.


O falecimento de Giselto Krützmann, titular do Haras Di Cellius, localizado em Bagé, no Rio Grande do Sul, na antiga área do Haras Simpatia, entristeceu o mundo do turfe. Empreendedor, solidário e apaixonado pela criação de puros-sangues de corrida, ele deixou enorme legado, através dos seus empreendimentos, e da sua vocação de agregar as pessoas, que como ele, também nutriam a paixão pelo esporte.

Ontem à tarde recebi telefonema do treinador, Luiz Esteves, líder da estatística carioca, e amigo particular de Giselto. Esteves tinha ótima notícia. A família do criador, reunida, havia decidido dar continuidade nas atividades do haras. E, seu filho, Rodrigo Krützmann, assumirá o comando do campo de criação.

"O Rodrigo, para nossa alegria, quer dar sequência ao legado deixado por seu pai. Seguirá tudo normal. Para mim foi muito triste perder um amigo de mais de 35 anos. Porém, a decisão da família de prestigiar tudo o que ele construiu foi um alívio. É uma terra maravilhosa, com pastos, cocheiras, água, enfim, tudo de alta qualidade. Um trabalho de primeiro mundo. Graças a Deus, não será em vão. Giselto possuía 30 éguas de cria, e uma estrutura organizada com muita dedicação. Era um apaixonado pelos cavalos, por pedigree, tema que conhecia como poucos. Com a presença do veterinário do haras, Igor Kickhofel, um cara competente, tudo continuará nos eixos para alegria dos pensionistas, criadores e todos os interessados".

Texto de Paulo Gama, publicado no site Raia Leve em 02 de junho de 2021.

"O mundo das corridas não passa de um microcosmo da sociedade dos homens. Como tal, é feito de lugares, de rituais e de uma linguagem que se eternizam com o passar do tempo. Os lugares começam com os haras, ambientes quase sempre de refrigério, de luz e de paz, como aquele, que ensinava às crianças pedir a Deus, recitando o antigo catecismo das missas dominicais. Dos haras da Europa e da America, com seus piquetes verde-esmeralda, aos da imensidão do campo suavemente ondulado do sul do Brasil, onde os limites da terra só são percebidos no encontro do céu com a linha do horizonte, a criação de cavalo de corridas é uma arte que aproxima os homens do que há de mais solene e plácido na natureza."
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"É claro que nem todos os haras são assim. Há milhares de outros em vários países, mas todos, cada um a seu modo, representam algo que sempre foi muito caro à alma humana: a posse de determinados animais e de pedaços de privilegiados da natureza".

BARCELLOS, Sergio. Cavalos de corrida: uma alegria eterna. Topbooks, Rio de Janeiro, 2002.

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